A Câmara Municipal de Évora (CME) decidiu adjudicar a obra de intervenção no espaço público da Acrópole XXI, na sua reunião do dia 22 de Fevereiro último. Ao consórcio constituído pelas empresas Vibeiras, Sociedade Comercial de Plantas, S.A. e Mota Engil, Engenharia e Construção, S.A. caberá a execução do projecto da autoria do arquitecto Carrilho da Graça, pelo valor de 1. 777. 408, 34 euros, acrescidos de IVA.
Este projecto foi objecto de apresentação na Comissão Municipal de Arte, Arqueologia e Defesa do Património no terceiro trimestre de 2011. Não foi feita nenhuma apresentação pública do projecto nem promovido qualquer debate publico sobre o mesmo. O Grupo Pro-Évora (GPE) considera que a autarquia deverá promover a sua apresentação e discussão públicas, tendo em conta a importância da intervenção prevista e o direito dos eborenses à participação.
Para além da intervenção prevista para o espaço público, estão a decorrer obras da responsabilidade da Fundação Eugénio de Almeida, nos seus edifícios e espaços – Palácio dos Condes de Basto, Pátio S. Miguel, galeria do Largo Mário Chicó, Palácio da Inquisição e edifícios contíguos.
Algumas das opções tomadas são pouco consentâneas com a arquitectura dos edifícios e com as técnicas e os materiais tradicionais utilizados na sua construção. Tais são, entre outros, os casos da utilização de granito polido nas janelas do edifício contíguo ao Palácio da Inquisição, incluindo as ogivais postas a descoberto, em vez da cantaria ou da pintura tradicionais; a caixilharia preta utilizada no Palácio da Inquisição; a colocação de socos escuros também neste edifício; a construção de uma pala descontextualizada na galeria do Largo Mário T. Chicó. O GPE considera que as intervenções em edifícios e espaços históricos, nomeadamente os integrados no Centro Histórico de Évora, conjunto classificado como Património da Humanidade, não devem ser impositivas e que as marcas de modernidade só excepcionalmente se justificam, nunca devendo, no entanto, ganhar uma expressão que se sobreponha nem entre em concorrência com as características tipológicas e morfológicas pré-existentes. Quer a profundidade de algumas intervenções, quer os avultados investimentos provocam situações de irreversibilidade, ou de muito difícil correcção, que importa prevenir. Especialmente as grandes instituições não devem ignorar as responsabilidades e o carácter exemplar que acompanham as suas intervenções. O GPE espera que sejam encontradas soluções que corrijam algumas das opções tomadas. A Direcção Regional da Cultura do Alentejo tem acompanhado o desenvolvimento de todo o projecto da Acrópole XXI, dentro das suas competências. A atenção a todos os pormenores da execução do projecto é uma contribuição indispensável, para que o mesmo possa constituir um elemento de identificação assumido por todos.