Cromeleque dos Almendres

 

 

 

A Revolução das Pedras

Manuel Calado, Arqueólogo

Do jornal Diário do Sul transcrevemos o artigo A Revolução das Pedras,
do Arqueólogo Manuel Calado.

Há cerca de 8000 anos, grande parte das paisagens europeias, acabadas de libertar dos mantos glaciares, estavam cobertas de florestas e matagais densos.
Os grupos humanos que não tinham seguido para norte, com o recuo dos gelos (e das manadas de renas) concentravam-se no litoral e, sobretudo, na orla dos estuários dos grandes rios.
As regiões do interior, entre as quais se incluem os arredores de Évora, eram territórios marginais, apenas frequentados esporadicamente pelos últimos caçadores-recolectores. […]
Os caçadores-recolectores mesolíticos parecem ter vivido em sociedades pacíficas e solidárias, mantendo uma relação de equilíbrio com o mundo natural […]; o Homem não necessitava de trabalhar e a Natureza fornecia-lhe em abundância tudo aquilo de que necessitava para subsistir. Os recursos aquáticos eram inesgotáveis e as margens dos estuários fartas de caça.
Em Portugal, os restos dessas sociedades foram descobertos sobretudo nos limites superiores dos estuários do Tejo e do Sado, nas áreas de Salvaterra de Magos e a montante de Alcácer do Sal. São os chamados “concheiros megalíticos”. […]

A Revolução Neolítica
As primeiras sociedades agrícolas surgiram […] entre o Eufrates e o Jordão, há mais de 11.000 anos; a pastorícia apareceu, na mesma área, cerca de mil anos depois.

 

 

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O Sítio do Cromeleque dos Almendres

Uma proposta de intervenção paisagística
António Carlos Silva, Arqueólogo



Da revista Alentejo transcrevemos o artigo O sítio do CROMELEQUE DOS ALMENDRES,
uma proposta de intervenção paisagística, do Arqueólogo António Carlos Silva.

 

Em número recente da REVISTA ALENTEJO, o arqueólogo Manuel Calado chamou a atenção dos leitores no artigo “As paisagens invisíveis: menires do Alentejo Central” para o universo dos “menires”, uma das mais extraordinárias valências do património arqueológico do território alentejano, ainda que de identificação e reconhecimento muito recente. Com efeito, apesar da monumentalidade e presença de algumas das estruturas que hoje conhecemos, afinal as mais antigas formas de “arquitectura”, os menires e os cromeleques tinham sido ignorados pelos arqueólogos que durante quase um Século se debruçaram sobre o estudo das numerosas “Antas” alentejanas. Foi preciso esperar pelos anos sessenta do Século XX para que Henrique Leonor de Pina, identificasse nas “pedras talhas” dos Almendres, aquela que seria apenas a primeira de uma longa série de importantes descobertas. Ainda que o título do artigo referido remetesse também para esta invisibilidade, aliás muito comum em “Arqueologia” (muitas vezes só encontramos aquilo que estamos de facto preparados para encontrar...), julgamos que ao referir-se às “paisagens invisíveis”, M.Calado se estava também a referir a uma outra percepção que, só muito recentemente, a investigação começou a trazer para o espectro do “visível”. Construídas por comunidades de agricultores e pastores, estas primeiras formas de intervenção física do Homem na estruturação do território, representam antes de mais tentativas primordiais de apropriação e dominação de um espaço que afinal lhe era tão vital como hostil. Mas, simultaneamente, na forma que hoje conservam, representam apenas um fragmento de uma realidade extremamente complexa, que passava também pelos povoados,_ hoje reduzidos a ínfimos vestígios _ pelos locais dos mortos, as antas, por vezes reunidas em verdadeiras “necrópoles”, e finalmente, pela própria paisagem, com os seus principais acidentes ou fenómenos bem demarcados na linha do horizonte ou na abóbada celeste. Num contexto territorial hoje profundamente alterado, quase invisível portanto, resta ao “arqueólogo”, um exercício especulativo quase impossível, sobre o significado e motivação que poderá estar contido na escolha do lugar, na estrutura ou mesmo nos detalhes do que hoje resta do monumento original. Pese embora a extrema dificuldade do tema, alguns arqueólogos procuram para estes dilemas a resposta possível, sendo particularmente exemplar no que respeita aos Almendres e aos possíveis significados do seu posicionamento geográfico tão especial, o trabalho recente de Pedro Alvim, “Memires, Paisagem, Paisagens: os Almendres e a Serra de Monfurado”. De facto, quer a orientação geral dos menires _no sentido Nascente Poente_ quer a linha de festo em que estão implantados, quer a evidente relação visual que proporciona, entre o movimento dos astros (Sol e Lua) e alguns acidentes naturais na linha do horizonte, com especial relevo para a Serra de Ossa, revelam, por parte dos seus construtores pré-.históricos, um domínio consciente da percepção do espaço e de algum modo, uma tentativa de reestruturação e de controle material desse mesmo espaço, como forma de integração social do indivíduo na sua própria comunidade e desta no mundo envolvente.

 

 

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1919-2019

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"Em 16 de Novembro de 1919 foi formalmente fundado o Grupo Pro-Évora. Até hoje, somam-se mais de cem anos de actividade em defesa do património e de valores culturais da cidade de Évora." A Direcção

 

Seis Colunas

imageForam instaladas seis colunas Séc. XVII, no pátio do Grupo Pro-Évora em Fevereiro de 2011.

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"Guia de Escultura da Cidade de Évora"

imageEsta edição bilingue (português/inglês) localiza e identifica cerca de 50 esculturas públicas. Com fotografias de Paulo Nuno Silva, mapas, fichas técnicas e textos introdutórios de Maria do Mar Fazenda, são propostos três percursos temáticos - Percurso Evocativo, Percurso Simpósio ’81 e Percurso (Re)Pensar a Cidade – que dão visibilidade e leitura às peças instaladas na cidade.

Este livro está disponível na sede do Grupo Pro-Évora